Minha história no tiro esportivo
Olá assinantes da Universidade do Tiro e família .38!
Você sócio ou simpatizante do nosso Clubinho querido, já deve ter visto algum vídeo meu participando das competições de IPSC vestindo a camisa do Clube.38. Pois bem, nesta minha primeira participação no site, gostaria de me apresentar a vocês e contar como tudo começou, como entrei no mundo das armas.
Primeiro de tudo, meu nome é Priscila Barbi dos Santos. Sim! Barbi é meu sobrenome de verdade e não nome artístico, o que por muitas vezes tive que explicar. (Risos!)
Por volta dos meus 14 anos de idade, eu assisti ao filme “Beijos que Matam”, ou “Kiss the Girls”, nome original em inglês.
Não querendo dar spoiler do filme, mas só para vocês entenderam por que mudou minha vida; este filme conta a estória de um serial Killer que sequestrava mulheres. Na sua cabeça doentia, ele fazia uma coleção de mulheres porque cada uma delas tinha uma peculiaridade diferente que o encantava. Entre as escolhidas, uma médica conceituada na sua área tinha como hobby e fuga do estresse, a prática do Kickboxing.
O sequestrador mantinha “sua coleção” em cativeiro numa antiga prisão de escravos de uma fazenda abandonada no meio do mato. Para que as mulheres não conseguissem fugir, ele drogada as refeições e as mantinham como que dopadas. Foi num momento de distração quando ele entregava comida para a médica, que mesmo fraca sob efeito da droga, ela aproveitou a oportunidade e deu um uppercut no cara fazendo-o desmaiar por alguns minutos. Minutos estes o suficiente para que ela conseguisse fugir e no decorrer do filme, ajudar na investigação do caso.
Esse bendito soco, me fez despertar para a necessidade do quanto uma mulher precisa estar preparada para se defender. O quanto a técnica da arte marcial ou da defesa pessoal em si é importante para que num piscar de olhos, determinar sua vida ou sua morte.
No dia seguinte fiz minha primeira aula de muay thai com o mestre Peu da equipe Boxe Thai na Academia Wado Kan em Florianópolis. Por 10 anos eu treinei entre o muay thai e o boxe com o professor Serjão e bem de vez em quando, jiu jitsu.
Foi influenciada por esse amor pela arte marcial, pelos esportes, que desde essa época já estava decidida que queria a Educação Física como profissão no futuro.
Em 2007 me formei em Educação Física na Faculdade Unisul e em 2010 terminava minha Pós- Graduação em Fisiologia do Exercício e Prescrição do Treinamento Individualizado.
Voltando um pouquinho antes da formatura, no meu último ano de faculdade particular, meu pai ficou desempregado e meu salário de estagiária de R$300,00 por mês não resolveria lá muita coisa. Como alternativa para terminar de pagar meus estudos, surgiu a sugestão de participar dos concursos de beleza da época que pagavam 10 mil reais de premiação. Tínhamos o Garota Verão, produzido pela RBS TV, a Globo local e o concurso Gata Band, produzido pela Band.
Detalhe que o Garota Verão tinha idade mínima de 20 anos e quando acontecesse as finais eu já estaria com 21, portanto, lá fui eu tentar o Gata Band, já que não tinha essa exigência.
Em 2007, fiquei em 2º lugar no Gata Band como 1ª Princesa.
No mesmo ano de 2007, a Band FM lançou o Programa “Futebol Show”, onde narrava ao vivo os jogos do Figueirense e do Avaí. Dentro do Programa, tinha o quadro “Mulheres na Geral” em que a repórter entrevistava os torcedores nas sociais dos estádios da Ressacada e Scarpelli, em Florianópolis.
O programa Futebol Show estreou com uma repórter apresentando o Mulheres na Geral que logo em seguida precisou se ausentar, surgindo a necessidade de uma substituta, alguém que gostasse de esportes, que entendesse e que fosse corajosa o suficiente para trabalhar sozinha no meio de uma torcida de futebol. Eu apresentei o quadro Mulheres na Geral da Band FM por 9 anos. Ah! E meu pai também começou em um outro emprego!
Foi numa destas entrevistas, no estádio da Ressacada, que um dos torcedores não estava usando a camisa do time e sim, um moletom com uma foto de um atirador, o que na época era a logo do Clube.38.
Eu achei aquilo bastante curioso, estava escrito “Clube de Tiro” e me fez pensar em quantos socos, chutes e joelhadas já havia dado na vida, a ideia de dar uns tiros não me parecia nada mau.
Obviamente, perguntei o que era aquilo, como funcionava e fui convidada a fazer uma visita ao Clube.
Na semana seguinte lá estava eu com os torcedores e sócios do Clube .38, Marcelo e Andrey tendo a minha primeira experiência com armas de fogo.
Quem me instruiu foi o Carlinhos, o cara mais paciente do mundo para isso. Atirei com pistola, revolver, carabina Puma, espingarda 12, etc. Foi um momento inesquecível e sensacional, me apaixonei completamente pelo negócio.
Mesmo não se associando ao Clube.38 na época, comecei a praticar tiro, já que existe essa possibilidade por ser aberto ao público. Numa dessas tardes de emoção e pólvora, numa televisão na parede estava passando vários vídeos de IPSC, momento quando fui “apresentada” e encantada por esta modalidade desportiva do tiro.
Na época, um dos funcionários do Clube, o Heduard Carlos da Silva, ao ver minha empolgação com o assunto, resolveu me passar alguns exercícios, fazer alguns testes de tiro, o que nos fez chegar à conclusão que com bastante treino, eu poderia levar jeito para o esporte e talvez até me destacar pela habilidade que eu apresentava.
Nesta época, o Futebol Show era o único programa de rádio a transmitir pela frequência FM, o que nos fazia ser “reis” na audiência do futebol por alguns anos, já que era crescente a evolução dos smatphones e aparelhos mais compactos de rádio. Éramos uma equipe esportiva bem famosa em toda Santa Catarina. Toda parte de imprensa de rádio, televisão e escrita ficava no mesmo lugar nos estádios, me possibilitando acesso fácil a eles.
Frente a esta oportunidade de acesso a todo tipo de imprensa na cidade, conversei com o dono do Clube.38, o Tony Eduardo sobre fazer uma troca entre mídia e treinamento para eu começar a competir. Foi aí que o Heduard tornou-se oficialmente meu treinador.
Meses se passaram de muito treino e o grande teste seria nada mais, nada menos do que uma Etapa do Nacional Open, na cidade de Itajaí no ano de 2011 e adivinhem só? Venci!
Não esquecendo do meu compromisso, fizemos diversas matérias em jornais, saímos até na capa da edição de esportes, revistas, programas de televisão em praticamente todas as emissoras da cidade de Florianópolis e cá estamos nós, 10 anos depois.
Atualmente, minhas principais conquistas representando o Clube e Escola de Tiro .38 são: 6x campeã Catarinense de IPSC na categoria .380 Light Damas, Vice-campeã no Torneio Open ConeSul de IPSC em 2017, na categoria .380 Light Damas, Vice-campeã no Pan-American Handgun Championship em 2015 na divisão Standard Damas, Vice-campeã no Campeonato Brasileiro de IPSC em 2015, na categoria.380 Light Damas e Campeã no Torneio Nacional Open em 2011, na categoria .380 Light Damas.
Pretendo ao longo dos meses ir contando para vocês, assinantes da Universidade do Tiro e amigos do .38, como estão os meus treinos e preparações para cada etapa e mais, quando voltar delas, contar-lhes boas notícias sobre os resultados. Espero!
Por hoje é isso, pessoal!
Até a próxima.